Castelo
Em posição dominante sobre uma elevação à margem esquerda do rio Zêzere, na região da serra da Estrela, este castelo medieval tem a sua história ligada à dos descobrimentos portugueses e à do Brasil, uma vez que os seus Alcaides pertenciam à família do navegador Pedro Álvares Cabral.
Antecedentes
A primitiva ocupação humana do seu sítio é obscura, parecendo certo que, após a Invasão romana da Península Ibérica, teria coexistido com a estrada romana que ligava a povoação de Bracara Augusta (Braga) a Emerita Augusta (Mérida), hoje em território da Espanha.
O castelo Medieval
As primeiras notícias históricas acerca destes domínios datam do reinado de D. Afonso Henriques (1112-1185), quando o senhorio das terras de Centum Cellas teria sido doado ao bispo de Coimbra (6 de Maio de 1168).
Mais tarde, D. Sancho I (1185-1211), concedeu Carta de Foral à Vila (1199), que então integrava o senhorio. Posteriormente, Afonso III de Portugal (1248-1279) determinou ao bispo de Coimbra, D. Egas Fafes, que procedesse a construção de uma torre e castelo.
Neste período, o bispo da Guarda comprou e vendeu casas no recinto do castelo (1253) e, três anos mais tarde, a 27 de Abril, o Papa Alexandre IV doou o Castelo de Belmonte e as povoações de Inguias e Olas de Godim à Sé da Guarda, com todos os direitos episcopais, ficando a Sé de Coimbra a manter as possessões laicas.
A torre e o castelo estariam possivelmente concluídos sob o reinado de D. Dinis (1279-1325). Essas referências são confirmadas por vestígios arqueológicos dos finais do século XII e início do século XIII da demolição de casas no interior da vila para a construção do castelo e da torre de menagem.
Após o estabelecimento do Tratado de Alcanizes (1297), com o consequente alargamento das fronteiras para o oeste, o Castelo de Belmonte perdeu importância estratégica, enquanto que a povoação se desenvolvia extra muros.
No contexto da crise de 1383-1385, o castelo perdeu parte das suas muralhas. Um pouco mais tarde, o Bispado de Coimbra permutou a vila de Belmonte, juntamente com o couto de São Romão, pela vila de Arganil com Antão Martim Vasques da Cunha (1392).
No reinado de D. João I (1385-1433), tendo o alcaide de Belmonte, entre 1397 e 1398, aderido ao partido do infante D. Dinis, o soberano confiscou-lhe a vila e o castelo, doando-os como alcaidaria a Luís Álvares Cabral, passando a família Cabral a residir no castelo.
O novo senhor procedeu a reconstrução pano da muralha a Norte, onde se abriu uma nova Porta da Traição, acrescentando-se um cubelo para reforço.
No século XV, a vila e seu castelo foram doados por D. Afonso V (1438-1481) a Fernão Cabral (1466), pai de Pedro Álvares Cabral, que prosseguiu a adaptação desta edificação militar a residência senhorial.
Características
Na cota de 615 metros acima do nível do mar, o castelo apresenta planta de traçado ovalado irregular, erguido em aparelho de pedra granítica.
A fachada principal do castelo, orientada para o Sul, é rasgada por um portal de arco de volta perfeita, encimado por uma esfera armilar e pelas armas dos Cabral.
Fechando o ângulo Sudoeste, adossada à muralha pelo exterior, ergue-se a Torre de Menagem em estilo românico, em três pavimentos, encimada por ameias quadradas de terminação piramidal.
No lado sudeste das muralhas encontra-se um espaço residencial - adaptação quinhentista, com filiação no estilo maneirista, de uma pequena torre medieval. No pano exterior do Paço rasga-se uma janela em estilo manuelino, com verga de recorte trilobado.
A oeste, as ruínas do antigo Paço - mandado ampliar pelo pai de Pedro Álvares Cabral – adossado à Torre de Menagem. Rasgam-no ainda outras janelas de balcão que se apoiam em mísulas.
Para além de pedras brasonadas, os panos de alvenaria são rasgados por aberturas de seteiras com troneiras.